22/07/08

ESPÍRITOS EM PRISÃO

INTRODUÇÃO
1ª Pedro 3:19,20 - No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão. Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.
"ESPÍRITOS EM PRISÃO". Esta frase tem confundido a muitos, porque têm a ideia de que um espírito seja um homem ´desencarnada' , existente algures numa região inferior. Daí dizerem que, entre a crucifixão e a ressurreição, Jesus foi a esse lugar, seleccionou os espíritos dos antediluvianos dos dias de Noé, e pregou, concedendo-lhes segunda oportunidade de salvação. Isto envolve os erros da consciência na morte; da existência de um lugar, como seja o purgatório; da possibilidade de uma segunda oportunidade; da descida de Cristo ao inferno, suposto local dos espíritos desencarnados.

"Nos dias de Noé". Aqui está a chave para se descobrir a época da pregação. Noé foi o instrumento usado por Cristo e pelo Espírito, e por ele a mensagem do arrependimento foi pregada, antes do Dilúvio: "O Apóstolo Pedro passa do exemplo de Cristo ao do mundo antigo, e apresenta aos judeus, a quem escrevia, o acontecimento referente aos que creram na pregação de Cristo por intermédio de Noé, e obedeceram - atitude bem diversa daquela dos que continuaram desobedientes e descrentes - dando a entender aos judeus que eles se encontravam sob sentença semelhante. Deus não iria suportar por muito mais tempo". - Mathew Henry.

Noé foi um "pregador da justiça" (2ª Pedro 2:5) e de Génesis 6:3 ressalta bem claro que o Espírito de Deus estava com ele.

Se compararmos Lucas 4:18-21; Isaías 42:7 e 61:1 veremos que Jesus compreendia que a obra que deveria realizar era a "abertura da prisão aos presos". Achavam-se ligados em pecado, e Cristo devia fazer essa obra, porquanto sobre Ele estava "o Espírito de Jeová". O que Jesus fez durante o Seu ministério, foi feito por Noé na sua época.

Adam Clarke, concluíndo pela impossibilidade de se tratar de "espíritos desencarnados", diz que a frase "os espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hebreus 12:23) "certamente se refere a homens justos, e homens que estão na igreja militante; e o Pai dos ´espíritos´(Hebreus 12:9) é uma referência a homens ainda no corpo; e o ´Deus dos espíritos de toda a carne´(Números 16:22 e 27:16) significa homens, não em estado desencarnados".

O Dr. Pearson, da Ingreja Anglicana, diz: "É certo, pois, que Cristo pregou àquelas pessoas que nos dias de Noé era desobedientes, em todo o tempo em que a ´longanimidade de Deus esperava´e, consequentemente, enquanto era oferecido o arrependimento, e é igualmente certo que Ele nunca lhes pregou depois de terem morrido".

Vemos assim que mesmo eminentes teólogos, que acreditam na imortalidade da alma, admitem que essa passagem não ensina a doutrina da alma imortal. (Revista Adventistas, Março de 1963, ps. 31,32.

Quem eram esses "espíritos em prisão" e como Cristo lhes pregou é correctamente explicado por João Wesley: " Por meio de que Espírito pregou Ele? - Através do ministério de Noé, aos espíritos em prisão - os homens perversos antes do Dilúvio. ... Quando a longanimidade de Deus esperava? - Durante cento e vinte anos, por todo o tempo em que estava a ser preparada a Arca; quando então Noé os admoestava a que fugissem da ira futura." - Explanatory Notes Upon the New Testament, p. 615.