22/12/10

O TEMPO DE ANGUSTIA DE JACOB

Será tarde demais para mudar o nosso destino eterno durante o tempo de angústia de Jacob, pois a nossa provação já terá terminado. Por isso, é da maior importância que compreendamos a condição em que se encontrarão aqueles que serão capazes de permanecer de pé, seguros em Jesus neste tempo; pois será muito tarde para mudarmos o nosso destino eterno, uma vez que Cristo, o nosso Sumo Sacerdote celestial, terá já deixado o santuário no céu. O novo adventismo prega que o povo de Deus continuará a pecar após as provações terminarem, mas vejamos o que Deus disse.
“... quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda.” Apocalipse 22:11
Existem aqui duas coisas a considerar. Em primeiro lugar, Deus declara que os Seus filhos já são justos (justificados) e santos (santificados). Não existe aqui qualquer prova de que o homem está justificado, embora não se encontre totalmente santificado; pois, na realidade, o homem, ou está santificado, ou não o, está. Em segundo lugar, esta condição de justificação e santificação deverá continuar ninguém que seja declarado justo, deixará de ser obediente a Deus.
“Cessa então Jesus de interceder no santuário celestial. Levanta as mãos, e com grande voz diz: “Está feito”... Todos os casos foram decididos para a vida ou para a morte. Cristo fez expiação pelo Seu povo, e apagou os seus pecados.” O Grande Conflito, 619
Poder-se-á perguntar como é que os pecados cometidos depois que Cristo terminar a Sua obra mediadora poderão ser apagados. O sangue não mais intercederá por esses pecados. Por isso, somos solenemente avisados.
“O carácter não poderá então ser aperfeiçoado ou transformado... Os justos são os que guardam os mandamentos de Deus, e para sempre estarão separados dos desobedientes e injustos que pisam a pés a lei de Deus. O minério puro e a escória não mais se misturarão.” Testemunho Para Ministros, 235-236
Para, além disso, a obra de aperfeiçoamento do carácter e purificação do pecado será completada antes do término da provação. Notai as seguintes declarações:
“Quando Ele vier, não será para nos limpar de todos os nossos pecados, ou para remover todos os nossos defeitos de carácter, ou para nos curar de todas as enfermidades de temperamento. Se fizer tal obra por nós, tal será realizado antes desse tempo. Quando o Senhor vier, os que são santos serão santificados ainda. Os que preservaram os seus corpos e espíritos em santidade, santificação e honra, receberão o toque final da imortalidade. Mas os que são injustos, não santificados e sujos, assim permanecerão para sempre. Não se fará nada para remover os defeitos da humanidade, nem lhe serão dados caracteres santos.
Cristo não se sentará, então, para prosseguir o Seu processo de purificação, removendo os pecados e a corrupção da humanidade. Tudo isto será feito nestas horas de provação. É agora que está obra deve ser realizada.” Testemunhos Selectos Vol. 1, 182
“Nenhum golpe será desferido depois que a provação terminar. Deveremos agora, nas horas de provação, vencer o nosso temperamento impetuoso, ou acabaremos por nos separar de
Deus.” Testemunhos (em inglês) Vol.2, 430, 431
“Ninguém receberá o selo de Deus enquanto, nos nossos caracteres, se encontrar uma mancha. Devemos livrar-nos dos nossos defeitos de carácter e limpar a nossa alma de toda a
corrupção.” Testemunhos (em inglês) Vol. 5, 214
Mas vejamos o que é ensinado pelo novo adventismo.
Ellen White usa a expressão "a imagem de Deus" de várias maneiras. Por exemplo, no livro "Aos Pés de Cristo" usa-a uma dúzia de vezes. Ellen White diz claramente que recebemos a imagem de Deus na altura da conversão e que ela se aprofundará através da santificação, tornando-se absoluta aquando da vinda de Cristo. Sobre este tópico, deveremos ler " O Grande Conflito", p. 626, que fala da mundanidade ainda existente em nós e que deverá ser purgada durante o tempo de angústia, após o término das provações. A página 635 diz que nós ainda teremos uma fé e uma coragem deficientes e a página 650 diz que os nossos defeitos de alma e mente só serão removidos na glorificação, aquando da vinda de Cristo.
Deus terá um povo antes do término das provações, que Lhe será tão fiel, que preferirá morrer, a pecar conscientemente. Aceitos por Deus, em Cristo, o Pai celestial considera o Seu povo como tendo a Sua imagem perfeita; isto não é negar as claras afirmações da Escritura em Filipenses 1:6, I Coríntios 15:51-56, I João 3:2 e I Tessalonicenses 5:22, 23, que afirmam que a santificação será atingida quando o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade (Dr. D. Ford - 0 Dr. Ford Responde Aqueles que Escreveram Sobre Doutrinas Perigosas, 19 Junho 1979).
Ver-se-á que estas afirmações não estão em harmonia com as declarações da inspiração que são citadas. Não é possível que as Escrituras e o Espírito de Profecia se mostrem inconsistentes com eles próprios e um em relação com o outro. Por isso, examinemos as referências apresentadas como "provas" e vejamos se confirmam os pontos apresentados, ou se, como muitas vezes acontece com o novo adventismo, será um caso de má utilização dos textos.
1 - Grande Conflito, página, 626.
“O amor de Deus para com os Seus filhos durante o período da sua mais intensa prova [o tempo de angustia de Jacob], a tão forte e terno como nos dias da sua mais radiante prosperidade; mas a necessário passarem pela fornalha de fogo; a sua natureza terrena deve ser consumida para que a imagem de Cristo possa reflectir-se perfeitamente.”
Notar-se-á que nada é dito sobre qualquer consumação do pecado. É dito claramente aqui e em passagens anteriores e posteriores a esta, que o mundanismo não se aplica ao pecado.
“Semelhantemente, no tempo de angustia, se o povo de Deus tivesse pecados não confessados que surgissem diante deles enquanto torturados pelo terror e angústia, saem vencidos; o desespero suprimir-lhes-ia a fé, e não poderiam ter confiança para suplicar a Deus a protecção. Mas, ao mesmo tempo em que tem uma profunda intuição da sua indignidade, não possuem falta oculta para revelar. Os seus pecados foram examinados e
extinguidos no juízo; não os podem trazer a lembrança.” O Grande Conflito, 625
“Satanás nada pode achar no Filho de Deus que o habilitasse a alcançar a vitória. Tinha guardado os mandamentos do Seu Pai, e não havia nEle pecado que Satanás pudesse usar para a sua vantagem. Esta é a condição em que deverão encontrar-se os que subsistirão no tempo de angústia.” O Grande Conflito, 628
Assim, este é mais um caso em que o novo adventismo utiliza passagens menos claras para contradizer as claras declarações da inspiração. Embora não seja claro o que é realmente esta mundanidade (embora pudesse incluir coisas como a nossa ligação a familiares e amigos que ainda não estão salvos), é claro que não se refere ao pecado.
2 - O Grande Conflito, página, 635.
“Esforçando-se por esperar confiantemente que o Senhor opere (durante o tempo de angustia de Jacob), são levados a exercitar a fé, esperança e paciência, que muito pouco foram exercitadas durante a sua experiência religiosa.”
Notar-se-á que esta passagem não diz que os santos ainda possuem "uma fé e uma coragem deficientes". Diz apenas que eles as exerceram muito pouco antes do término das provações.
3 - O Grande Conflito, página, 650.
“Os Últimos traços da maldição do pecado serão removidos, e os fiéis de Cristo aparecerão na beleza do Senhor nosso Deus, reflectindo no espírito, alma e corpo, a imagem perfeita do seu Senhor.”
O contexto não revela a mais pequena prova de que as deficiências da alma e da mente sejam removidas na glorificação. Na realidade, o contexto está confinado a mudança dos nossos corpos físicos.
“Ele mudará o nosso corpo vil, modelando-o conforme o Seu corpo glorioso. As formas mortais, corruptíveis, destituídas de primor, poluídas pelo pecado, tornam-se perfeitas, belas e imortais. Todos os defeitos e deformidades são deixados no túmulo. Restabelecidos a árvore da vida, no Éden há tanto tempo perdido, os remidos crescerão até a estatura completa da raça em sua glória primitiva.”
O Grande Conflito, 650
Estas são as palavras que precedem a citação acima apresentada.
4 - Filipenses 1:6
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus.”
Daqui não se conclui que a santificação seja atingida quando a corrupção se revestir de incorruptibilidade.
Paulo assegura-nos que Deus continuará a restaurar-nos até ao dia do Senhor. Na verdade, o Espírito de Profecia declara que o dia do Senhor é o término das provações da humanidade.
“Perto está o dia em que será decidido para sempre o destino de toda a alma. Esse dia do Senhor muito se apressara.” Fundamentos da Educação Cristã, 335
5 - 1 Coríntios 15:51-56
Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá à palavra que está escrito: Tragada foi à morte na vitória. Onde está ó morte, a tua vitória? Onde está ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.”
Mais uma vez se vê que não existe qualquer referência ao facto de a santificação ser conseguida aquando da volta de Cristo. Na realidade, o Espírito de Profecia vê correctamente esta passagem como referindo-se as mudanças no estado físico do homem.
“Então, os santos vivos e os que forem ressuscitados erguerão as suas vozes num longo grito de vitória. Aqueles que desceram a sepultura levando consigo a marca da doença e da morte, ressuscitarão com uma saúde e um vigor imortal.”
História da Redenção,411
6 – 1 João 3:2
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos.”
Onde, nesta passagem, se infere que a santificação é conseguida na segunda vinda de Cristo? Na verdade, os versículos seguintes ensinam precisamente o contrário - que nos devemos libertar do pecado agora.
“E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.... Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.... Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado, porque a sua semente permanece nele, e não pode pecar, porque é nascido de Deus.” 1 João 3:3, 6, 9
7 -1 Tessalonicenses 5:22, 23
“Abstende-vos de toda espécie de mal. E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Esta referência, pelo menos, fala em santificação, mas estará ela a dizer que a santificação não pode ser conseguida antes da vinda de Cristo? Comentando este versículo, a irmã White diz. “Santificação, quantos compreenderão o seu verdadeiro significado? A mente encontra-se confundida pela malária sensual. Os pensamentos precisam ser purificados...
O verdadeiro cristão passará por uma experiência que lhe trará a santidade. Não possuirá qualquer mancha na sua consciência, ou de corrupção na sua alma... A vontade de Deus tornou-se sua vontade, pura, elevada, refinada e santificada. O seu comportamento revela a luz do céu. A santidade adorna o seu carácter.” Mente, Carácter e Personalidade - Vol. 2, 412 / Orientação da Criança, 463
Tal como cada referência bíblica, o texto clarifica a necessidade de vitória sobre o pecado agora, para que possamos ter parte na eternidade. Uma responsabilidade terrível repousa sobre qualquer um que declare que o povo de Deus continuará a pecar após o término das provações. A eternidade está em risco. A verdade solene e que um só pecado praticado após o termino das provações será a prova de que nós não fomos selados pelo Deus vivo e nos encontramos, por isso, fora do reino de Deus. Quando visto sob esta luz, qualquer declaração de meras diferenças semânticas entre o novo adventismo e a mensagem adventista do 7° dia deve ser completamente repelida. Os santos representarão a defesa do carácter divino de Cristo, ao manterem-se fiéis e leais sem um Mediador.

17/12/10

A BATALHA DO CRISTÃO

Paulo tinha tão próxima comunhão de coração com o Cristo vivo que ele podia testemunhar: "Porque para mim o viver é Cristo" (Fil. 1:21), e "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim." (Gál. 2:20).
Com este profundo testemunho o apóstolo toca sobre a luta interna do cristão, que ele também já conhece por si mesmo (1Cor. 9:27), e que ele desenvolve mais plenamente em Gál. 5:16-24 e Rom. 7:14-25.
Primeiro de tudo, é essencial notar a voz passiva na confissão de Paulo: "Eu tenho sido crucificado com Cristo" (Gál. 2:19). Com isto, Paulo se refere ao seu baptismo na morte histórica de Cristo sobre a Cruz. Legalmente, diante de Deus, diante de Sua santa Lei, o apóstolo diz: "Eu estou morto, 'já não sou eu quem vive' (Gál. 2:20)". Paulo significa por seu "eu" morto, o seu eu centralizado, o ego natural. Ele também chama isso de "o velho homem" ou "natureza" (Col. 3:9; Efé. 4:22), "a carne com suas paixões e desejos" (Gál. 5:24); ou simplesmente, "a carne" (Rom. 7:5). Paulo não diz que o seu "eu" estava inclinado à morte, ou beirando à morte, mas ele tinha sido "crucificado", o que indica um prolongado processo de morte. Embora alguém crucificado era legalmente morto e exterminado, na realidade tal pessoa poderia viver por vários dias e noites sobre a cruz, mas em sofrimentos e agonias crescentes.
Esta ilustração pode servir para esclarecer a mensagem do apóstolo em Gál. 5 e Rom. 7: Por um lado, os cristãos baptizados têm que se considerar a si mesmos, pela fé em Cristo, legalmente mortos para o pecado e para a condenação da Lei de Deus (Rom. 6:11; 7:4). Por outro lado, eles descobrem que o velho "eu" está ainda vivo em realidade empírica; que as tendências herdadas e cultivadas para o mal e as práticas condenadas ainda enviam os seus desejos e impulsos ao coração purificado.
É um fato significante que nenhuma carta apostólica do Novo Testamento pressupõe uma Igreja sem pecado ou uma vida cristã sem a permanente batalha com o "eu". Todos os escritos do Novo Testamento estão plenos de exortações e admoestações morais para travarmos a luta penosa contra a carne, o mundo e os poderes das trevas.
Para os crentes baptizados, contudo, não há desespero ou derrota necessários nesta batalha. Cristo habita em seus corações e lhes dá a vitória (1Cor. 15:57). Os crentes são chamados a ser "fortes no Senhor e na força do Seu poder" (Efé. 6:10). Sendo guiados por Seu Espírito, o fruto do Espírito pode ser desenvolvido: "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio." (Gál. 5:22-23). Paulo, portanto, convoca: "Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne... Se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei." (Gál. 5:16, 18).
"Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rom. 8:12-14).
"Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e rectidão procedentes da verdade." (Efé. 4:22-24).
Tiago acrescenta a importante idéia de que várias tribulações da vida para o cristão operam como um teste de sua fé que produz firmeza e, em seu caminho de batalha, perfeição de carácter (Tia. 1:2-4; compare com Rom. 5:3-4). Estas admoestações apostólicas mostram que a vida cristã não é apenas de paz e alegria; pelo contrário, o caminho da perfeição cristã ou santificação conhece inexprimíveis profundidades de luta, tristeza e arrependimento, ao lado das alturas da alegria redentora.
Nem todos os cristãos experimentarão necessariamente a mesma intensidade da batalha espiritual, como Ellen G. White anota: "Enquanto alguns são continuamente atormentados, afligidos e em tribulação por causa de seus infelizes traços de carácter, tendo que guerrear com inimigos internos e a corrupção de sua natureza, outros não têm mesmo a metade de conflitos a travar." (Testimonies, vol. 2, p. 74).
O caminho da perfeição cristã nunca pode ser de mero sentimento de santidade ou de isenção de pecado, por causa que Deus revelará gradualmente mais e mais os defeitos de nosso carácter através de um sempre crescente entendimento e eficácia de Sua Lei espiritual, santa e perfeita. Paulo tenta comunicar esta mensagem particular no muito debatido cap. 7 de sua epistola aos Romanos, versos 14-25.
O segredo para entender esta passagem parece descansar na compreensão de que para Paulo a santa Lei de Deus, através da operação do Espírito Santo ("a lei é espiritual", v. 14), funciona especificamente para convencer o cristão, de modo crescente, de sua própria natureza pecaminosa inerente, a despeito de seus desejos e ambições santos. "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo." (Rom. 7:18). O apóstolo alcança o clímax de seu auto conhecimento religioso quando ele finalmente confessa diante de Deus tanto sua extrema falência moral quanto sua completa e exclusiva confiança na justiça de Cristo. "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor." (Rom. 7:24-25).
A consciência de ambas verdades simultaneamente na madura experiência cristã de Paulo é a mais profunda prova de que a perfeição cristã não é uma vida de extática alegria ou entusiasmo emocional, mas é também uma vida de fiel obediência e devota submissão ao nosso divino Senhor e Salvador. Lutando no poder divino com toda a armadura de Deus (Efé. 6:13-18), o cristão é chamado a destruir cada obstáculo à sua conexão viva com Deus e "levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo" (2Cor. 10:5). O cristão não pode aceitar nenhum outro deus diante dEle. Cristo deseja reproduzir Sua própria perfeição de carácter naqueles que foram originalmente criados à Sua imagem e semelhança. "Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós." (Gál. 4:19).
Isto pode ser atingido contudo, somente quando o cristão contempla continuamente e de todo o coração a glória transformadora de Cristo, descansando em Seu santo amor que consome todo o pecado. "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito." (2Cor. 3:18).
Esta é a dinâmica, crescente perfeição cristã que o apóstolo Paulo exalta e com santa paixão estimula a primitiva igreja e igualmente a igreja de todos os séculos. O imperativo do concerto do Antigo Testamento, para seguir a Yahweh não é anulado, mas cumprido e concretizado no verdadeiro seguir a Jesus Cristo. Conhecer a Cristo e amá-lO com toda a nossa alma e com todo o nosso coração não significa nem a renúncia a Yahweh nem a apostasia de Moisés e os profetas de Israel. Pelo contrário, somente através do Filho, "que está no seio do Pai" (João 1:18), pode o Pai ser conhecido, amado, obedecido e plenamente honrado.

14/12/10

A FÉ E GRAÇA

Cada ser humano tem a oportunidade de se apropriar da fé de Jesus e crescer nela. De um modo especial, João liga a guarda dos mandamentos de Deus à fé de Jesus, ao caracterizar os santos de Deus.
“Aqui está a paciência dos santos, aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Apocalipse 14:12
A interligação entre a fé e a lei pode ser observada nas diferentes, mas complementares definições de pecado dadas por João e Paulo.
“... porque o pecado é a transgressão da lei.” 1 João 3:4
“... tudo o que não provem da fé é pecado.” Romanos 14:23
Estas definições aparentemente contraditórias tornam-se claras quando nos damos conta de que não poderemos cumprir a lei, a menos que tenhamos a fé de Jesus. Os pecados da humanidade resultam de uma relação com Deus que foi quebrada. A irmã White confirma isto.
“Só pela fé em Cristo pode o pecador ser purificado da culpa e capacitado a prestar obediência a lei do Seu Criador.” Atos dos Apóstolos, 425
Muitas vezes, a fé é vista corno um estado intangível de estar, raramente compreendida em termos realistas. No entanto, a Bíblia e o Espírito de Profecia vêem a fé como a chave que o homem poderá utilizar para se apropriar do sacrifício de Cristo. Num sentido mais completo, a fé representa uma relação de confiança com Cristo. Esta relação de confiança aumentará à medida que conhecermos melhor o nosso Pai celestial.
“Logo a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.”Romanos 10:17
Assim, ao comunicarmos diariamente com Deus, aprendendo a compreender mais completamente o Seu amor por nós, a nossa fé aprofundar-se-á e o nosso compromisso com Deus fortalecer-se-á. A fé nunca poderá encobrir ignorância ou negligência. Na realidade, crescerá à medida que conhecermos melhor a Deus.
O novo adventismo parece separar a fé das obras, implicando frequentemente que os apelos à justificação e a guarda dos mandamentos são legalistas e inconsistentes com o Evangelho. Mas este é um ponto de vista superficial de fé. Tal como, “O amor não poderá existir, se não for expresso.” The Ministry of Healing, 360
Não existirá uma fé verdadeira, a menos que a demonstremos em obras de justiça.
“Pois não são justos diante de Deus os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei. Romanos 2:13
O apóstolo Tiago viu os perigos que surgiriam ao se apresentar o tema da justificação pela fé e, por isso, tentou mostrar que a fé genuína não poderá existir sem as correspondentes obras.”Reflectindo a Cristo - MM 1986, 71
Tal como não poderemos cumprir o espírito da lei sem a letra da lei, não poderemos ter fé sem obras. Alguns pensam que, porque podem existir obras sem fé, então a verdadeira fé e independente das obras; mas este é um engano fatal. Na realidade, a fé faz com que o homem a expresse no serviço para Deus e em favor dos outros. Por isso, o capitulo 11 de Hebreus poderia ser chamado tanto o capítulo das obras como o capítulo da fé. Não teria sido possível a Abel ter fé sem que oferecesse o seu "mais excelente sacrifício", nem poderia Moisés ter fé sem que escolhesse "ser maltratado com o povo de Deus".
As Escrituras dizem claramente que os santos de Deus terão a fé de Jesus - uma fé que capacita o homem a apropriar-se da graça salvadora do Calvário.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.” Efésios 2:8
Este dom da fé foi concedido após a queda do homem, pois sem ela nenhum homem poderia alguma vez voltar-se para Deus.
“Quando o homem transgrediu a lei divina, a sua natureza se tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás, e não em desacordo com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem pecador e o originador do pecado. Ambos se tornaram malignos pela apostasia. O apóstata nunca está em sossego, excepto quando obtém simpatia e apoio, induzindo outros a lhe seguir o exemplo. Por este motivo os anjos decaídos e os homens ímpios unem-se em desesperada união. Se Deus não Se houvesse interposto de maneira especial, Satanás e o homem teriam entrado em aliança contra o Céu; e, ao invés de alimentar inimizade contra Satanás, toda a família humana ter-se-ia unido em oposição a Deus.” O Grande Conflito, 509
Esta fé é o veículo tanto da justificação, como da santificação, sendo, portanto, essencial à redenção do homem.
Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. Romanos 5:1
Para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás à Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em Mim. Atos 26:18
E a fé, “... que transforma a carácter.” Atos dos apóstolos, 558
Pedro diz que Deus purifica os nossos “corações pela fé.” Atos 15:9
Não existe qualquer faceta das mensagens do Evangelho que não versem sobre a resposta do homem aos méritos do seu Salvador. Isto inclui a sua justificação, a sua santificação e a sua redenção.
“A fé genuína sempre opera por amor. Quando se olha para o Calvário, não é para acalmarmos a nossa alma na não realização do dever, nem é para nos arranjarmos quando vamos dormir, mas para termos fé em Jesus, fé que agirá purificando a alma da lama do egoísmo. Quando segurarmos a mão de Deus pela fé, o nosso trabalho apenas começou. Todos os homens têm hábitos corruptos e pecaminosos que devem vencer numa luta vigorosa. A cada alma é requerido que empreenda a batalha da fé.” Mensagens Escolhidas - Vol. 2, 20
Outros ainda que são condenados pela lei arrepender-se-ão das suas transgressões e, pela fé nos méritos de Cristo, aperfeiçoarão o carácter cristão.” Fé e Obras, 27
Infelizmente, muitos hoje estão a aceitar o engano fatal de uma fé falsa, que os leva a acreditar que podem continuar no mundo e ainda serem cobertos com a ajuda de Cristo. Esta é uma terrível presunção.
“A fé reclama as promessas de Deus, e produz frutos de obediência. A presunção também reclama as promessas, mas delas se serve como fez Satanás, para desculpar a transgressão.
A fé teria levado os nossos primeiros pais a confiar no amor de Deus, e a obedecer aos Seus mandamentos. A presunção induziu-os a transgredir a Sua lei, acreditando que o Seu grande amor os haveria de salvar das consequências do pecado. Não é fé o que reclama o favor do Céu sem cumprir as condições sob as quais é assegurada a misericórdia. A fé genuína tem o seu fundamento nas promessas e medidas das Escrituras.” O Desejado de Todas as Nações, 126
“A doutrina que ensina a liberdade, pela graça, para transgredir a lei é uma ilusão fatal. Todo o transgressor da lei de Deus é um pecador, e ninguém pode ser santificado enquanto vive em pecado conhecido.” Fé e Obras, 26
“Não ganhamos a salvação pela nossa obediência; pois que a salvação é um dom gratuito de Deus, que se obtém pela fé. Bem sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado. Qualquer que permanece nEle não peca; e qualquer que peca não O conheceu. Ai é que está a verdadeira prova. Se habitarmos em Cristo, se o amor de Deus habita em nós, os nossos sentimentos, os nossos pensamentos, as nossas acções estão em harmonia com a vontade de Deus tal como se expressa nos preceitos da Sua Santa lei. 'Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica a justiça é justo. 1 João 3:7. A justiça está definida na Santa lei de Deus, enunciada nos dez preceitos dados no Sinai. A pretensa fé em Cristo, que desobriga os homens da obediência a Deus, não e fé, mas presunção.” Caminho a Cristo, 61
Assim, o princípio da fé incorpora tanto as provisões do sacrifício de Jesus, como as provisões da lei.
Negligenciar ou minimizar a ambas conduz a presunção. Se tentarmos manter a lei fora das provisões de Jesus, ou se declararmos que nos apropriamos dos méritos de Jesus, sem que as nossas vidas estejam transformadas pela cruz, vivemos numa falsa segurança, enganados por Satanás.
“Enquanto uma classe de pessoas deturpa a doutrina da justificação pela fé e deixa de aceder às condições estabelecidas na Palavra de Deus; Se me amais, guardareis os Meus mandamentos, há um erro tão grande como estes da parte dos que pretendem crer nos mandamentos de Deus e obedecer-lhes, mas colocam-se em oposição aos preciosos raios de luz, (novos para eles) reflectidos da cruz do Calvário. A primeira classe não vê as maravilhosas coisas na lei de Deus para todos os que são praticantes da Sua Palavra. Os outros sofismam acerca de insignificâncias e negligenciam as questões mais importantes,
a misericórdia e o amor de Deus.” Fé e Obras, 13
Mas para que o assunto não seja mal compreendido, devemos dizer que não é a fé que salva. Certamente que tal fato negaria a plenitude da graça do sacrifício de Cristo. A fé é o veiculo através do qual os méritos perfeitos de Cristo são apropriados pelo cristão e através do qual a cruz de Cristo se torna no poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. A fé é o fundamento da vida vitoriosa do cristão.
“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.” 1 João 5:4
Por ser o fundamento da resposta do homem a salvação, Satanás testará severamente a nossa fé. A fé de muitos já está sendo dolorosamente testada e, por isso, encontram-se indecisos porque não desenvolveram a sua fé através de um estudo diário da Palavra e do conhecimento de Deus. Enquanto que para os descuidados e laodicianos, o teste da fé terá como resultado o desencorajamento e a descrença, para os filhos de Deus, ele fortalecerá a sua dependência de Jesus e mantê-los-á mais perto Dele.
“Sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança, e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma. Tiago 1:3, 4
Para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece embora provado pelo fogo, redunde para louvor, gloria e honra na revelação de Jesus Cristo.” 1 Pedro 1:7
A igreja remanescente de Deus enfrentará a crise do século. Os seus membros, por todo o mundo, serão sacudidos pelo engano e pela tribulação. Todos “... os que puderem ser sacudidos, sê-lo-ão, para que as coisas que não podem ser sacudidas permaneçam.” Testemunhos Seletos Vol. 3, 284
Uma fé forte não poderá gerar-se instantaneamente, mas é o resultado de uma dependência diária do nosso Deus. Aqueles que olham para si ou para os outros, não só não conhecem a Deus, como serão levados de um lado para o outro por todo o vento de doutrina e serão como a palha perante os ventos da perseguição. O apelo dos autores é que todos fixem o seu olhar em Jesus, que é o único que poderá transmitir segurança ao Seu povo nestes tempos de confusão.
“Olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado a destra do trono de Deus.” Hebreus 12:2
A nossa fé agora é a nossa esperança para o futuro centra-se em Cristo e somente Nele.

10/12/10

AS MENSAGENS PARA O TEMPO FINAL

Ramon Umashankar nasceu em Brahmin, na Índia. Os anciãos de sua aldeia lhe ensinaram desde pequeno que ele era um deus e que a fim de mostrar sua divindade deveria praticar ioga e meditação. Quando se tornou adolescente, Ramon começou a duvidar do fato de ser realmente possível encontrar a Deus através dos vários ídolos que eles adoravam nos templos hindus.
Ramon começou a examinar a Bíblia e as afirmações de Cristo. Ele sempre tinha respeitado Jesus por Sua humildade, mas agora Ramon aprendeu que esse Jesus também afirmava ser o único Filho de Deus. Ele percebeu que muitos cristãos aparentavam uma paz que ele não fora capaz de alcançar com anos de meditação. Ainda assim, Ramon estava determinado a encontrar a verdade dentro da sua própria religião, o hinduísmo.
Certo dia, ele assistiu a um filme sobre a vida de Cristo. Pela primeira vez percebeu que Jesus tinha experimentado sofrimento e medo quando humano. Antes disso, ele achava que Jesus tivesse usado de alguma maneira Seus poderes sobrenaturais para escapar à dor da crucifixão. Agora, ele não podia explicar a cruz. Ele se perguntou: Como foi possível que Jesus passasse por tamanha provação em prol de homens pecadores?
À medida que Ramon continuava a meditar sobre a morte de Cristo, ele ficou incrivelmente maravilhado por tal demonstração de amor. Então, ele decidiu desistir de seu tão cobiçado status na sociedade e entregar sua vida para Jesus, o Salvador. Em comparação com o sacrifício de amor de Cristo, disse Ramon, "tudo o mais perde seu valor".
Esse jovem descobriu a verdade central do cristianismo: Jesus, o Salvador do mundo.
1. QUAL É A RELIGIÃO QUE SALVA?
Jesus é o único caminho para a salvação.
"Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos". Actos 4:12 (A não ser quando indicado, todos os textos bíblicos da série DESCOBERTAS BÍBLICAS são da Nova Versão Internacional da Bíblia [NVI].).
A Bíblia claramente afirma que estamos perdidos no pecado. Assim, estamos sujeitos à pena do pecado: a morte (Romanos 6:23). Todos pecaram (Romanos 3:23), por isso, todos estão sujeitos à morte. Jesus é o Único - não há nenhum outro - que pode nos resgatar da condenação do pecado.
"Todo aquele que olhar para o Filho e nEle crer tenha a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia". João 6:40
Há apenas uma religião verdadeira:

"Há um só Senhor, UMA SÓ FÉ, um só batismo". Efésios 4:5
2. SERÁ QUE DEUS TEM UMA MENSAGEM ESPECIAL PARA OS CRITÃOS DOS ÚLTIMOS DIAS?
Sim. Essa mensagem está dividida em três partes e aparece em Apocalipse 14:6-16. A proclamação dessas mensagens dadas por três anjos culmina com a segunda vinda de Cristo (versos 14-16).
(1) A MENSAGEM DO PRIMEIRO ANJO
"Então vi outro anjo, que voava pelo céu e tinha na mão o evangelho eterno para proclamar aos que habitam na terra, a toda nação, tribo, língua e povo. Ele disse em alta voz: 'Temam a Deus e glorifiquem-no, pois chegou a hora do seu juízo. Adorem aquele que fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas'". Apocalipse 14:6, 7.
Apesar das Escrituras retratarem essas três mensagens através da simbologia de três anjos, na verdade é o povo de Deus que apresenta essas mensagens ao mundo. Eles não proclamam um novo evangelho, mas o "evangelho eterno", ao mundo inteiro, "cada nação, tribo, língua e povo". O "evangelho eterno" de Jesus é a mesma mensagem de salvação que as pessoas no Velho Testamento aceitaram "pela fé" (Hebreus 3:16-19; 4:2; 11:1-40), o mesmo ensino que o próprio Jesus proclamou, o mesmo evangelho que os discípulos pregaram para conquistar o mundo para Cristo, o mesmo evangelho que tem sido anunciado pelos séculos da era cristã.
O evangelho de Jesus Cristo que oferece a salvação de forma simples quase desapareceu da igreja por cerca de mil anos, durante a Idade das Trevas. Mas, a Reforma o reavivou e o povo de Deus prega isso ao redor do mundo hoje. O primeiro anjo proclama essa mesma mensagem do evangelho, mas sob uma nova abrangência: uma abrangência mundial, para chegar a todas as pessoas que vivem pouco antes da segunda vinda de Jesus.
Aqueles que aceitam essa mensagem são chamados para "temerem a Deus e glorificá-lO [reflectir o Seu carácter] ". Eles mostram ao mundo o carácter de amor de Deus, não apenas por suas palavras, mas também por sua vida, através de um testemunho dinâmico. Eles apresentam uma vibrante revelação do que Deus pode fazer através das pessoas que estão cheias do Espírito de Cristo.
Quando essa mensagem dos três anjos deve ser proclamada ao redor do mundo? Quando a hora do juízo de Deus tiver chegado. A lição 13 explica que Jesus começou o trabalho do Seu juízo pré-advento em 1844. Naquele mesmo ano, 1844, Jesus inspirou pessoas ao redor do mundo a começarem a pregar a mensagem de Apocalipse 14.
Essa mensagem nos conclama a "adorar Aquele que fez os céus, [e] a terra". (Apocalipse 14:7). Deus nos pede para lembrar do sábado "para o santificar", porque "em seis dias o Senhor fez os céus e a terra" (Êxodo 20:8-11). Em 1844, quando Darwin estava propondo a teoria da evolução, Deus estava chamando Seu povo para voltarem a adorá-lO como Criador. Naquela mesma época, os que estavam a pregar a mensagem dos três anjos descobriram o sétimo dia, o sábado da Palavra de Deus, e começaram a guardá-lo em honra ao Criador dos céus e da terra.
(2) A MENSAGEM DO SEGUNDO ANJO
"Um segundo anjo o seguiu, dizendo: 'Caiu! Caiu a grande Babilónia que fez todas as nações beberem do vinho da fúria da sua prostituição!'". Apocalipse 14:8
O segundo anjo alerta: "caiu a grande Babilónia". Apocalipse 17 é uma imagem contrastante com a mulher pura de Apocalipse 12, que representa a verdadeira igreja cristã. A mulher que representa Babilónia é uma mulher caída, que "fez todas as nações beberem do vinho da fúria da sua prostituição".
O vinho da doutrina falsa tem permeado essas formas adulteradas de cristianismo. A mensagem do segundo anjo conclama o povo de Deus a resistir aos ensinos falsos de um cristianismo apostatado.
A Babilónia representa uma mistura de muitas formas de cristianismo apostatado. Ela é muito perigosa porque distorce o verdadeiro carácter de Deus, e O apresenta em caricaturas: ou Deus é vingativo e exigente, ou Deus é um avô sentimental que é bondoso demais para se incomodar com quem peca. Uma igreja saudável apresentará uma visão equilibrada de todos os atributos de Deus e mostrará como Sua justiça e misericórdia se combinam na afirmação de que Deus é amor.
Deus chama o povo para "sair" de Babilónia (18:4), para rejeitar os ensinos não-bíblicos, e seguir os ensinamentos de Cristo.
(3) A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO
"Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: 'Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a sua marca na testa ou na mão, também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira... Para todos os que adoram a besta e a sua imagem, e para quem recebe a marca do seu nome, não há descanso, dia e noite'. Aqui está a perseverança dos santos que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus". Apocalipse 14:9-12
A mensagem do terceiro anjo divide o mundo inteiro em dois grupos. De um lado se colocam os cristãos apóstatas que "adoram a besta e sua imagem, e para quem recebe a marca do seu nome". Isso demanda uma resistência paciente por parte do santos que "obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus".
Note o contraste entre os dois grupos. Aqueles que recebem a marca da besta são adoradores comprometidos que seguem ideias e práticas humanas. Os "santos" têm traços distintos: "perseverança", obediência aos "mandamentos de Deus" e permanecer "fiéis a Jesus".
Depois que essa mensagem em três partes houver sido espalhada pelo mundo, Jesus virá para fazer a "colheita" dos salvos:
"Olhei, e diante de mim estava uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, alguém 'semelhante a um filho de homem'. Ele estava com uma coroa de ouro na cabeça e uma foice afiada na mão. Então saiu do santuário outro anjo, que bradou em alta voz àquele que tinha a foice afiada: 'Tome a sua foice e faça a colheita, pois a safra da terra está madura; chegou a hora de colhê-la'. Assim, aquele que estava assentado sobre a nuvem passou sua foice pela terra, e a terra foi ceifada". Apocalipse 14:14-16
3. A IGREJA DE DEUS DOS ÚLTIMOS DIAS
Você já se encontrou um cristão verdadeiro, que faz você se admirar de sua devoção, paciência e fé, e desejar ter uma experiência espiritual semelhante? Deus deu Sua mensagem especial de Apocalipse 14 para nossos dias porque ela pode produzir tal experiência.
Como discutido na Lição 25, Apocalipse 12:17 identifica os cristãos dos últimos dias como "os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus". Apocalipse 14:12 descreve esse mesmo grupo como os "santos que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus".
Vamos resumir as características dos cristãos dos últimos dias:
(1) Eles "permanecem fiéis ao testemunho de Jesus". Mesmo quando Satanás joga Sua ira contra eles, eles "permanecem fiéis ao testemunho de Jesus". Sua fé não está fundamentada em seus próprios actos, é um dom de Deus (Efésios 2:8). A igreja de Deus dos últimos dias vê mais e mais claramente o verdadeiro carácter de Cristo e, pela graça e através da fé, se tornam monumentos vivos do poder de Cristo habitando neles.
(2) Eles "guardam... a fé de Jesus" (Apocalipse 14:12, Versão Almeida Revista e Actualizada, 2a edição). A fé que Jesus teve, a fé que foi ensinada por Ele, a fé pela qual Ele viveu, agora está presente na vida dessas pessoas. Eles não apenas têm a verdade, eles "guardam" a verdade - eles a seguem. Para eles, religião é vida, a crença está relacionada com a prática, e a fé está ligada à obediência. Eles vivem "a fé de Jesus".
Eles descobriram que os grandes ensinos da Bíblia, quando aplicados à vida diária, produzem uma vida cristã dinâmica. Eles descobriram que as grandes verdades bíblicas lhes despertam amor e devoção a Cristo, e isso satisfaz todos as necessidades e anseios do coração humano.
(3) Eles "obedecem aos mandamentos de Deus", os Dez Mandamentos, a lei moral de Deus. Eles querem, mais que tudo, obedecer cada desejo, cada mandamento de Deus. Eles mostram seu amor a Deus e amor às outras pessoas mediante a obediência a todos os mandamentos de Deus, incluindo o quarto mandamento, que nos dirige para a adoração ao nosso Criador pela guarda do sábado.
(4) Eles partilham a mensagem do "evangelho eterno" pelo mundo (Apocalipse 14:6). O evangelho declara que Jesus morreu por nossos pecados e depois ressuscitou da tumba, a fim de que pudéssemos experimentar um relacionamento com Ele que nos salva. A igreja de Cristo desses últimos dias tem estado a pregar às pessoas em todo lugar para saírem da confusão religiosa e estabelecerem um relacionamento com Jesus baseado apenas nas verdades bíblicas.
(5) Eles são guiados por um senso de urgência, pois "a safra da terra está madura; chegou a hora de colhê-la" (Apocalipse 14:15), e milhões ainda não encontraram a Cristo.
(6) Eles são impulsionados pela missão dada por Deus. Visto que a "Grande Babilónia" caiu, eles pleiteiam com aqueles que ainda vivem em confusão religiosa a saírem dela (Apocalipse 18:4). Eles desejam partilhar com as outras pessoas o maravilhoso relacionamento que têm com Cristo e a felicidade que alcançam como resultado disso.
Tudo isso e muito mais serve para unir os corações dos milhões de cristãos que atenderam ao chamado da mensagem dos três anjos. Sua vida de alegria os leva a se unirem ao apóstolo João e estenderem esse convite a você:
"Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo. Escrevemos estas coisas para que a alegria de vocês seja completa". I João 1:3, 4, nota da margem.
Através de Seu Espírito e Sua igreja, Jesus convida você a também vir e entregar tudo o que você tem a Ele:
"O Espírito e a noiva [a igreja] dizem: 'Vem!'. E todo aquele que ouvir diga:'Vem!'. Quem tiver sede, venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida". Apocalipse 22:17
4. AS DUAS COLHEITAS
A mensagem dos três anjos culmina quando Jesus voltar a essa terra para fazer a colheita dos salvos de todas as eras (Apocalipse 14:14-16). Jesus reúne todos os salvos e os leva com Ele para Suas "muitas mansões" no céu. (João 14:1-3, versão Almeida Revista e Actualizada, 2a edição). Ele acaba de vez com o pecado, a doença, a miséria e a morte. Os santos, então, começam a viver uma nova e gloriosa vida com Ele por toda a eternidade (Apocalipse 21:1-4).
Jesus também fará uma "colheita" dos ímpios quando Ele vier:
"Outro anjo saiu do santuário dos céus, trazendo também uma foice afiada. E ainda outro anjo... bradou em alta voz àquele que tinha a foice afiada: 'Tome sua foice afiada e ajunte os cachos de uva da videira da terra, porque as suas uvas estão maduras!" O anjo passou a foice pela terra, ajuntou as uvas e as lançou no grande lagar da ira de Deus. Elas foram pisadas no lagar, fora da cidade, e correu sangue do lagar". Apocalipse 14:17-20
Esse será um tempo trágico de destruição final, um evento de muito sofrimento para Cristo, pois Ele precisará destruir aqueles que se recusam a ser salvos. Jesus "é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento". (II Pedro 3:9).
Quando Jesus vier para fazer a colheita da terra, em qual você estará? Estará você entre a safra dos redimidos para a eternidade (Apocalipse 14:13-16)? Ou você estará entre a safra de uvas que suportará a ira com os perdidos (versos 17-20)?
A escolha está claramente apresentada. De um lado, Jesus com as mãos marcadas dos pregos, instando com você para que se coloque ao lado dos "santos" que "obedecem aos mandamentos de Deus e mantêm a fé de Jesus" (verso 12). Do outro lado, estão as vozes de seres humanos, instando com você que a crença em toda a Bíblia e a obediência a todos os mandamentos de Deus não é importante.
A multidão na sala de julgamento de Pilatos certa vez teve que enfrentar uma situação bastante parecida com essa. De um lado estava Jesus, o divino-humano, o Deus que se fez homem. Do outro lado estava Barrabás, um homem sem esperança, incapaz de ajudar a si mesmo ou àqueles na multidão que testemunhavam aquela cena trágica. E ainda assim, quando a voz de Pilatos foi ouvida por aquela heterogénea multidão: "'Qual dos dois vocês querem que eu lhes solte?' Responderam eles: 'Barrabás!'".
"Perguntou Pilatos: 'Que farei então com Jesus, chamado Cristo?'".
"Todos responderam: 'Crucifica-o'".
E assim, Jesus, o inocente, foi crucificado; e Barrabás, o culpado, foi libertado. (ver Mateus 27:20-26).
A quem você escolhe hoje, Barrabás ou Jesus? Você prefere seguir as ideias e os ensinos de homens, e que são contrários aos mandamentos de Deus e ao evangelho eterno de Jesus? Ou você deseja "obedecer aos mandamentos de Deus e permanecer fiel ao testemunho de Jesus"? Lembre-se, o próprio Jesus prometeu enviar Seu Espírito Santo para resolver cada perplexidade em sua vida, curar cada mágoa, e satisfazer cada um dos seus anseios mais profundos.

05/12/10

PORQUE NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO.

Muito se tem falado e continua a falar na forma de culto Adventistas. Hoje, foi um desses dias, numa reunião de pastores e anciãos foi feita referência ao descuido que se verifica nos momentos dedicados ao culto solene; anúncios intermináveis, e até intervenções desnecessárias depois da pregação da Palavra de Deus. Talvez, isto em muitas igrejas de cariz evangélico não seja motivo de reparo. Na Igreja que defende verdades e doutrinas distintivas não deveria acontecer. Uma Igreja como a Igreja Adventista do Sétimo Dia deve ter uma marca que a distingue de todas as outras tanto no fundo como na forma.
Também é verdade que alguns no afã de defender essa “marca distintiva” têm caído no extremo, seja porque criaram um conceito que se tornou uma “tradição” e não permitem nenhuma alteração, ou ainda, porque acham que o culto deve ser um momento de penumbra ou um momento social com carácter religioso.

Parece-me que muitas destas opiniões não se baseiam nem na Bíblia, nem sequer no Espírito de Profecia. Assim, o que pretendo exprimir é que a Igreja Adventista surgiu em reacção à tradição e a doutrinas que tinham sido deixadas no baú do esquecimento. Essa reacção levou à exclusão dos adventistas americanos das suas igrejas mães e continua hoje ao sermos erroneamente chamados uma "seita".
Nem eu, nem nenhum Adventista tem receio de ser catalogado como pertencendo a uma “seita” ou “sabatista” ou outra coisa qualquer desde que como Igreja façamos as coisas segundo o Novo Testamento, ou seja, sejamos verdadeiros Evangélicos! Evangélicos no sentido de Evangelho e sê-lo sem um mínimo de preconceito. Não que seja um saudosista dos métodos do passado, mas estou bem firme de que a hora do Culto é um momento que tem que ser marcante. Obviamente, não estou a defender que se tenha que pregar 1 hora, mas a Palavra tem de ser pregada com poder e sem ter o espírito dividido pelo facto de se saber que uma irmã tem que ir dar o almoço ao marido que não é adventista!
Às vezes, a impressão que há muitos irmãos que entram no lugar de culto como se entrassem numa dessas explanadas onde se serve comida fast food. Temo até, que qualquer dia, com os meios técnicos que existem se vá a uma cozinha de fast food e se leve a comida para casa e lá se coma sem ser necessário de estar no lugar do Culto, sem o convívio com os que são meus companheiros na peregrinação para a Canaã Celeste!
Creio ser importantíssimo que, como Igreja e indivíduos, mantenhamos a nossa identidade adventista. Afinal, se Deus nos levantou como um povo e nos guiou por experiências que talharam a nossa memória colectiva tais como a ênfase na Segunda Vinda e no Santuário, precisamos como Igreja manter essa identidade para sermos fiéis ao chamado divino no passado e por conseguinte, amealhar forças que direccionei o nosso chamado presente e futuro.
Tendo dito isto, creio ser importante ressaltar a primazia e centralidade do Evangelho na adoração adventista sobre quaisquer outras doutrinas. Por isso quando eu digo que a adoração Adventista é evangélica, refiro-me à primazia desse aspecto da Adoração, o Evangelho.
Embora a palavra "evangélica" tenha adquirido conotações denominacionais, creio que não devemos esquecer o seu real sentido de "Evangelho". Por isso, a palavra "evangélica" deve definir a adoração Adventista também. Precisamos dar a nossa contribuição ao cristianismo na maneira como vivemos o nosso cristianismo/adventismo como "evangélicos".
Para isso, precisamos articular todas as nossas doutrinas à luz do Evangelho, especialmente a nossa visão de adoração. Alguém disse que "Evangelizar não é salvar almas, é formar adoradores." Por outras palavras:

É irrelevante enfatizar o Sábado sem o pano de fundo evangélico
É irrelevante enfatizar o Santuário sem o pano de fundo evangélico
É irrelevante enfatizar as profecias sem o pano de fundo evangélico
É irrelevante enfatizar a "identidade adventista" se os nossos irmãos não compreendem o Evangelho nos nossos cultos
É irrelevante enfatizar a música de boa qualidade quando o Evangelho é apresentado à pressa nos nossos púlpitos.

E assim por diante. Calculo que a reacção de alguns leitores vai servir como amostra de quantos dão importância aos anúncios, e referencias desnecessárias em detrimento de uma preparação silenciosa e calma, onde o Espírito se manifeste no coração fluindo de lá para o Trono em oração. Ao mesmo tempo traga poder ao púlpito e a todos quantos nessa hora como “sacerdotes” se querem apresentar diante de Deus e do Seu povo.

Finalmente, acredito que somente o Evangelho, vivido e pregado com poder, será capaz de reavivar as nossas igrejas, tornar relevante os nossos estilos musicais e potencializar a nossa adoração. Ah, Paulo também já pensava assim quando disse:
"Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê." (Rom. 1:16)

03/12/10

É O PAPA BENTO XVI O "SÉTIMO REI?"

Com o lançamento do filme "2012", o interesse das pessoas no fim do mundo se intensifica. E diz-se por aí que a morte de João Paulo II e a eleição de Bento XVI foi predita na Bíblia como sinal do fim. Mas será que é verdade?
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Apocalipse 17:7-11 é uma das passagens mais difíceis de toda a Bíblia. Muitas interpretações drasticamente divergentes têm sido propostas para esta passagem, não só por Adventistas mas por outras denominações também. Este artigo propõe uma das interpretações mais aceitas na IASD actualmente e suas implicações para a interpretação de que os sete reis representam sete papas recentes, o que faria de Bento 16 o "sétimo rei" (v. 10). O artigo também expõe alguns problemas com outras interpretações historicistas adventistas actuais. Aqui vai a passagem na versão Almeida Actualizada:

"7Ao que o anjo me disse: Por que te admiraste? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a leva, a qual tem sete cabeças e dez chifres. 8A besta que viste era e já não é; todavia está para subir do abismo, e vai-se para a perdição; e os que habitam sobre a terra e cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo se admirarão, quando virem a besta que era e já não é, e que tornará a vir. 9Aqui está a mente que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada; 10são também sete reis: cinco já caíram; um existe; e o outro ainda não é vindo; e quando vier, deve permanecer pouco tempo. 11A besta que era e já não é, é também o oitavo rei, e é dos sete, e vai-se para a perdição."

A pergunta crucial para o entendimento correcto da passagem é: A que tempo o anjo se refere ao dizer das cabeças da besta no verso 10 que "cinco já caíram, um é, outro ainda não é vindo"?

Essa pergunta pode ser respondida por dois princípios interpretativos[1] que regem a interpretação de profecias tanto do Antigo quanto do Novo Testamento:

1. A profecia é relevante ao tempo do profeta. Em outras palavras, a profecia não é simplesmente para saciar a curiosidade do profeta sobre um futuro distante, mas sim para revelar a acção constante de Deus na história do Seu povo, inclusive no momento em que o profeta vive, no seu contexto e circunstâncias imediatas. Embora as profecias transcendam muitas vezes esse contexto, elas se fundamentam no tempo do profeta, usam elementos com os quais ele está familiarizado e se entendem a partir desse tempo e contexto. Exemplos disso são o ídolo de Nabucodonosor em Daniel 2 e os gafanhotos, os selos, as trombetas e as taças do Apocalipse. Deus não mostrou a Daniel e João e outros profetas elementos desconhecidos como bombas nucleares, aviões, helicópteros, computadores, internet, automóveis, etc.

Ellen White articula esse ponto dizendo que "[Deus] vai ao encontro dos caídos seres humanos onde eles se acham. Perfeita como é, em toda a sua simplicidade, a Bíblia não corresponde às grandes ideias de Deus; pois ideias infinitas não se podem corporificar perfeitamente em finitos veículos de pensamento." (ME 1: 22). O Dr. Jon Paulien, actual reitor da Universidade Adventista de Teologia de Loma Linda e autoridade em Novo Testamento e profecia concorda que "A abordagem adventista crê que Deus coloca nas visões apocalípticas informações precisas sobre o futuro distante, mas este futuro é descrito na linguagem do tempo e lugar do profeta."[2]

2. Deve haver distinção entre o tempo da visão e o tempo da interpretação da visão. Na visão propriamente dita, o profeta viaja a tempos e lugares diferentes (tempo transcendente; cf. Apo. 17:3). A explicação da visão, por sua vez, deve ser para benefício do profeta e tem como ponto de referência o tempo do profeta (tempo local). Na explicação da visão, passado, presente e futuro não se referem ao tempo que passa na visão e sim ao momento histórico do profeta para que haja referencial. E os elementos e símbolos da visão também, embora seu significado transponha a barreira de tempo, estão baseados no tempo do profeta. Usando ainda a estátua de Nabucodonosor como exemplo, ela tinha implicações para o tempo do fim mas está firmada no tempo do rei: na visão, Deus revelou um ídolo que era comum ao rei. Deus poderia ter usado outros símbolos mas usou algo que Nabucodonosor entenderia imediatamente. A estátua que ele mandou construir e adorar reflectia o entendimento da visão que ele tivera para o seu tempo. Já para Daniel, a mesma visão foi dada usando a temática da Criação.[3]

Aplicando agora esses dois princípios a Apocalipse 17:7-11, podemos criar o seguinte cenário:

Cena 1: Discurso angélico: Anúncio do início da visão (tempo local): "Vem, mostrar-te-ei..." (v. 1-2)

Cena 2: Visão propriamente dita (tempo transcendente): "Então me levou em espírito a um deserto ..." (3-6)

Cena 3: Fim da visão (tempo local): "Ao que o anjo me disse: Por que te admiraste?" (7a)

Cena 4: Discurso angélico: Explicação da Visão (tempo local): "Eu te direi o mistério da mulher e da besta" (7b)

Note que a explicação não inclui outra visão, como se João fosse transportado novamente a outro período da história durante a explicação. A explicação é baseada na visão da besta e da meretriz ("a besta que viste") e baseia-se no tempo local de João. O texto não permite concluir que João foi levado a um tempo futuro durante a explicação, supostamente o tempo do cumprimento da visão.

Esta distinção é importante, pois segundo o Dr. Ekkehardt Müller do Biblical Research Institute da Conferência Geral: "Durante a visão o profeta se move livremente em tempo e lugar . ... A interpretação da visão, no entanto, tem que se relacionar com o tempo e o lugar do profeta para que faça sentido e para que saibam em que tempo localizar os eventos preditos."[4] Paulien adiciona que "Se queremos entender o que Deus está dizendo a João sobre o futuro, precisamos primeiramente entender o que João entendeu. "[5]

Note também que o anjo explicou para que João pudesse entender a visão e não continuasse "maravilhado" que no original grego é "admiração com medo, estarrecimento" (cf. Daniel 8:27).[6] Lembre-se também que Jesus profere uma bênção sobre aqueles que "ouvem e guardam as palavras desta profecia" (Apo. 1:3). No original esse ouvir (akou¬o) é "ouvir com entendimento", o que pressupõe que o autor e os leitores entenderam a mensagem do Apocalipse como relevante aos seus dias e não exclusivamente a um futuro distante.

A opinião de que "um é" se refere ao tempo de João tem apoio de estudiosos adventistas e eruditos evangélicos. O primeiro a propô-la foi Urias Smith [7] e mais recentemente ela teve o apoio dos Dr. Kenneth Strand[8], Dr. Jon Paulien [9], Dr. Ranko Stefanovic [10]e Dr. Ekkehardt Müller.

Portanto, há fortes evidências que a explicação da visão de Apocalipse 17 deve se fundamentar no tempo de João. Sendo assim, os "cinco" (v.10) já haviam passado no tempo de João e o sexto estava presente no tempo dele (c. 95 A.D); o sétimo estava por vir no futuro, ficaria "pouco tempo" e o oitavo seria da mesma natureza dos outros ("é dos sete") e iria "para a destruição" ou seja, surgiria imediatamente antes do juízo. A idéia aqui é sequência histórica. Considerando então que "reis" e "montes" (v. 9, 10) em profecia representam reinos e impérios (Daniel 2; Jeremias 51), e não indivíduos (Papas),[11] essas cinco cabeças da besta ou reis significariam cinco impérios opressores do povo de Deus que já haviam passado ou "caído" no tempo de João.

A seguinte lista dos impérios que "caíram" tem apoio de vários eruditos adventistas:[12] Egipto, Assíria, Babilónia, Pérsia e Grécia.[13] O fato de que os "montes" são "reis" consecutivos ("caíram, é, virá"), ou seja, em sequência histórica, descarta a interpretação de que esses "montes" se referem aos sete montes literais de Roma, pois montes não tem sentido de sequência ou sucessão histórica. A linguagem aqui é claramente simbólica.

O Dr. Paulien conclui sobre as cabeças de Apocalipse 17 que "... há evidências no livro do Apocalipse de que as três bestas podem representar a sexta cabeça (Apocalipse 12 - Roma pagã do tempo de João), a sétima cabeça (Apocalipse 13 - Roma Papal que sucedeu a pagã) e a oitava cabeça (a besta de Apocalipse 17 - a unidade política mundial.)"[14] Ele propõe que "o dragão do capítulo 12, a besta do mar do capítulo 13 e a besta escarlata do capítulo 17 são três diferentes estágios da mesma besta"[15] o que é pode ser visto nas características compartilhadas pelas três bestas. Portanto, com base no que vimos até agora, poderíamos criar a seguinte linha de tempo de Apocalipse 17:7-11:

A sugestão acima é compatível com os princípios de interpretação de visões proféticas delineados anteriormente e apresenta a leitura mais natural do texto, principalmente no que tange a distinguir entre o referencial de tempo que ocorre na visão (tempo transcendente) com o referencial de tempo da explicação (tempo local). Note também que essa interpretação em nada desmerece a parte que o Papado terá nos eventos finais; segundo o entendimento adventista, a sua actuação está claramente estabelecida na em Apocalipse 13 e 18.

Essa interpretação também enfraquece outras interpretações adventistas historicistas actuais que, embora não considerem os Papas como reis, ignoram a importante distinção entre visão e acabam propondo que João foi levado a outro tempo durante a explicação (o que não tem base no texto) considerando assim que os "cinco caíram" no momento da ferida mortal (1798 A.D.).[17] Outras mostram inconsistência ao interpretar "um é" no tempo de João (Roma Pagã) enquanto transpõem a besta que "não é" a um tempo futuro (Papado ferido).

Finalmente, apesar de a interpretação proposta aqui ser a mais plausível, Apocalipse 17 provavelmente continuará sendo um texto "difícil" para estudantes das profecias.

Conclusão: Os "cinco caíram, um é e outro ainda não é vindo" de Apocalipse 17:10-11 são melhor entendidos na perspectiva do tempo de João no primeiro século A.D. Essa interpretação descarta por completo a hipótese de que os seis reis são Papas do século XX e que o sétimo seja Bento XVI.[18] Ela também questiona a opinião de que João foi transportado a outro tempo durante a explicação removendo assim o referencial de tempo dos vários períodos delineados pelo anjo.

Certamente todos ansiamos pelo retorno de Jesus. Porém, tentar decifrar "tempos ou épocas" (Actos 1:6-7) através de especulações e sensacionalismo por uma leitura distorcida dos eventos actuais leva a falsas esperanças e desvia a atenção dos verdadeiros sinais do fim. Acima de tudo, nossa confiança na Segunda Vinda deve estar firmemente baseada na promessa de Jesus:

"Eis que cedo venho; bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." (Apo. 22; João 14:1-3)

"Por isso, confortai-vos uns aos outros com essas palavras." (1 Tess. 5:11).

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E a Besta de Apocalipse 17?

A interpretação dos oito reis de Apo. 17 na perspectiva do tempo de João nos leva a perguntar: Como então entender as fases da besta de Apocalipse 17:8 que 'era, não é e subirá do abismo (tornará a vir)' usando o mesmo critério?

Aqui vai o verso completo:
"A besta que viste era e já não é; todavia está para subir do abismo, e vai-se para a perdição; e os que habitam sobre a terra e cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo se admirarão, quando virem a besta que era e já não é, e que tornará a vir."

Lembra-se do que o Dr. Jon Paulien falou acima que "o dragão do capítulo 12, a besta do mar do capítulo 13 e a besta escarlata do capítulo 17 são três diferentes estágios da mesma besta"? Então note como o texto traz um paralelo entre a besta que "era, não é, e que tornará a vir" (Apo. 17:10) e Deus "que era, que é, e que há de vir" (Apo. 1:4). Isso parece indicar que a besta do capítulo 17 representa aspectos da trajectória do próprio Satanás, o dragão do capítulo 12 e que desde o início quis ser igual a Deus (Isa. 14:12). Embora ele sobreviva através dos reis ("um é, outro virá, o oitavo é a besta"), seu reino está tecnicamente derrotado a partir da cruz em 31A.D. (Apo. 12:12, Luc. 10:18). Algumas evidências textuais parecem favorecer esta interpretação:

"Vi uma mulher montada numa besta cor de escarlata". Essa é a mesma cor do dragão de Apo 12:3 que é um dos símbolos de Satanás: "um grande dragão vermelho".

"Subirá do abismo". A besta está no abismo que é símbolo da morada de demónios cujo rei é o anjo Abadom ou Apoliom, que simboliza Satanás (Apo. 9:2-11, cf. Mat. 12:24). Veja também Apo. 20:1; Isa. 24:21; Lucas 8:31; 2 Ped. 2:4; Jud. 6. A besta sobe do abismo para travar a última batalha contra Deus, com a ajuda dos dez reis e da meretriz.

"Vai-se para a perdição". A destruição do poder e influência de Satanás sobre a humanidade na Segunda Vinda (Apo. 20:1-3) que culmina com sua destruição definitiva no fim do milênio (Apo. 20:10).

Assim, levando em conta a perspectiva do tempo de João, é possível construir a seguinte sequência histórica da besta do abismo de Apocalipse 17 como sendo um símbolo do próprio Satanás: (O diagrama abaixo é uma sugestão baseada em parte nos estudos do Dr. Jon Paulien, Seminário Adventista de Loma Linda e Dr. Ekkehardt Müller do Biblical Research Institute):


A BESTA DE APO. 17
ÉDEN - CRUZ (31A.D.) 31A.D. --- c. 95A.D. RESSURGIMENTO FINAL
"era" "não é"
(está no abismo) "todavia está para subir do abismo e vai-se para a perdição"
Reinado Satânico do
Éden até a Cruz Tempo de João e além
Satanás Derrotado desde 31A.D.

(Apo. 12:12; cf. Lucas 10:18;
Ellen White: "Quando Cristo abaixou sua cabeça e morreu, ele derrubou os pilares do reino de Satanás consigo ao chão." YI, 25/04/1901).
Batalha Satânica imediatamante antes da Segunda Vinda que culmina com o aprisionamento de Satanás durante o Milênio e sua posterior destruição no lago de fogo
Autor: José Reis
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[1] Veja Jon Paulien, Revelation 17 and the Papacy (Berrien Springs: Endtime Issues; 2002), 30.
[2] Ibid., 32.
[3] Ibid., 31.
[4] Ekkehardt Müller, Revelation 17: A Suggestion. (Monografia não publicada divulgada pela Adventist Theological Society), 8.
[5] Paulien, 32.
[6] Paulien sugere que o estarrecimento de João se deve ao fato de que na visão de Apo. 12 ele havia visto a mulher no deserto (Igreja pura) sendo atacada pelo dragão mas em Apocalipse 17 uma mulher (meretriz) está intimamente relacionada à besta. João pode ter entendido que a mulher pura e fiel estava agora "prostituída".
[7] Urias Smith, Daniel and the Revelation, Edição revisada (Nashville: Southern Publishing Association, 1944), 711.
[8] Kenneth A. Strand, “The Seven Heads: Do They Represent Roman Emperors?” em Symposium on Revelation— Book II, editado por Frank B. Holbrook, Daniel and Revelation Committee Series, vol. 7 (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 1992), 191.
[9] Paulien, 37.
[10] Veja Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ. (Berrien Springs: Andrews University Press: 2002), 512.
[11] Poderia também se argumentar que o Vaticano é um império cujo rei é o Papa mas a linha de tempo no século XX não coincide com "cinco já caíram" no tempo de João.
[12] Stefanovic, 512; Paulien 23, 37.
[13] Algumas interpretações rejeitam esta lista porque o Egito e Assíria não estão entre os reinos de Daniel 7 e não poderiam estar no Apocalipse. No entanto, há fortes alusões à experiência de Israel no Egito nas sete pragas em Apo. 16 que coincidem com as sete trombetas de Apo. 8-11. Segundo Jon Paulien, há também uma alusão clara à Assíria em Apo. 8:7 baseada em Isa. 10:16-19. Além disso, o Apocalipse não se limita ao que Daniel revelou necessariamente mas desenvolve seus temas de maneira mais ampla. Ellen White diz que: "No Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se cumprem. Ali está o complemento do livro de Daniel. " (AA, 585).
[14] Paulien, 34.
[15] Ibid., 27.
[16] Veja Müller, 38.
[17] A besta e a meretriz devem ser mantidas como entidades distintas; a besta representa a ação Satânica através de poderes políticos e a meretriz, poderes religiosos apostatados; veja que em Apo. 17:16, a besta e os dez chifres se voltam contra a meretriz e a destroem. Veja o Apêndice sobre a besta do abismo.
[18] Uma interpretação ainda mais radical dos reis como Papas é a de que o oitavo rei seria a reencarnação de João Paulo II.