19/03/12

BÊNÇÃOS E PERIGOS AO PARTICIPAR NA CEIA DO SENHOR

O Perigo quando se participa «Indignamente» da Santa Ceia, não discernindo o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, nos elementos que a eles simbolizam: Disse o apóstolo Paulo: «Pois quem come e bebe, sem discernir o corpo [de Jesus], come e bebe juízo para si...» (1 Cor 11.29). A palavra «...discernir...» é tradução do vocábulo grego diakrino, que significa «julgar corretamente» a seriedade do rito, porquanto abusar desse símbolo significa abusar da realidade simbolizada.

O que estava a ocorrer com a Igreja de Corinto era a mistura das coisas sagradas com as profanas ou seja, não havia diferença entre o alimento quotidiano e o que tinha sido posto à parte com o exclusivo objectivo de recordar-lhes a morte expiatória de Cristo. Com este gesto participavam da Ceia do Senhor Jesus «indignamente», como se ela não tivesse qualquer relação com o Corpo e o Sangue de Cristo.
Veja a correção de Paulo aos coríntios, com relação aos seus comportamentos diante da Mesa do Senhor Jesus; «não podeis beber o cálice do Senhor [Jesus] e o cálice dos demónios; não podeis ser participantes da Mesa do Senhor [Jesus] e da mesa dos demónios» (1 Cor 10.21). O crente não pode fazer tal coisa devido ao seu conhecimento da natureza da idolatria, não é impedimento de ordem física mas moral. Os que estão consagrados ao verdadeiro Deus, como poderiam das libações oferecidas a Satanás e aos seus anjos?
Não compreendiam o zelo do Deus Vivo (Êx 20.5; Deut 4.24; Jos 24.19, 1 Cor 10.22) e a gravidade da transigência com o mundo. O próprio Cristo falou deste erro fatal; «Ninguém pode servir dois senhores» (Mat 6.24). A Santa Ceia é uma cerimónia de índole sagrada e, quem participa dela «indignamente», peca terrivelmente contra o Senhor Jesus. Comer e beber indignamente não é comer «sendo indigno», como alguns entendem, pois verdadeiramente digno ninguém era, mas «indignamente» refere-se à maneira e ao espírito de quem participa, isto é, participar da Mesa do Senhor Jesus com um espírito indiferente, egocêntrico e irreverente, com ódio no coração contra outro irmão, sem qualquer intenção ou desejo de abandonar os pecados conhecidos e de aceitar o concerto da graça com todas as suas promessas e deveres. Todos nós precisamos evitar estes maus comportamentos e conceitos pecaminosos para que não sejamos reprovados por Jesus (João 12.48).

Paulo acusa com veemência muitos cristãos de Corinto, dizendo que eles estavam a ser «culpados do Corpo e do Sangue de Cristo», porque tomavam parte na Ceia indignamente, como se ela não tivesse nenhuma relação com a morte de Cristo e com o Seu Corpo oferecido em sacrifício vicário (João 3.16). Paulo relaciona aos coríntios os resultados funestos que muitos haviam adquiridos, por não discernir o Corpo e Sangue de Cristo, pois participavam da Santa Ceia indignamente, veja a seguir:

1) Responsabilidade pela Morte de Cristo: «...Será culpado do corpo e do sangue do Senhor...» (1 Cor 11.27): O termo grego traduzido por «...culpado...» é enochos, que significa «passível», «responsável por», «culpado». Esse termo, vinculado à palavra morte, significa «digno de morte», envolvendo alguém que fez algo que merece a punição capital. Porém, isoladamente, esse termo pode significar «culpado de um crime». Portanto, está aqui em foco uma «culpa» associada ao Corpo de Cristo. Neste caso a pessoa torna-se culpada por participar de um gravíssimo crime, ou seja, na causa da crucificação de Cristo. Significando que a pessoa é considerada responsável pela Sua morte. Ou ainda, isso torna o indivíduo culpado de «violar» ou de «pecar contra» o corpo e o sangue de Cristo. Pois, não fez diferença entre o sagrado e o profano. Sendo assim, o indivíduo será julgado (vss. 31,32). O versículo em foco mostra-nos o quanto a Santa Ceia tem um sentido tão solene. Por isso, devemos ter muito cuidado para não participarmos dela indignamente.
2) Responsabilidade pela própria condenação: «...Come e bebe juízo para si...» (1 Cor 11.29): «...juízo...», nesse caso, significa «julgamento», no grego, «krima», o qual aqui está em foco uma «punição» ou «penalidade». Ninguém é obrigado participar do pão e do cálice do Senhor Jesus indignamente, mas é preciso estar consciente, que ao participar deste ato irreverentemente, com um espírito indiferente, é expor-se imediatamente ao desagrado de Deus e a um castigo como o que se menciona nos versículos 30 e 31.