28/10/13

Como saber se uma amizade é verdadeira ou falsa?

Muitas pessoas se preocupam em ir para o Céu, fazem sacrifícios para receber o Céu como recompensa, se esforçam para um dia desfrutar dos benefícios que o Céu poderá oferecer. Apesar de ser uma boa coisa querer ir para o Céu e se esforçar para alcança-lo, há uma coisa que pode ser feita na Terra que já antecipa as bênçãos que serão recebidas no Céu. Trata-se da amizade. Ellen G. White, escritora religiosa, escreve em Mente, Caráter e Personalidade, pág.211: “O calor da verdadeira amizade, o amor que liga coração a coração, é um antegozo das alegrias dos Céus.”
É interessante prestar atenção na qualidade que se emprega à amizade verdadeira. Amizade verdadeira parece ser redundante, mas nem toda amizade é verdadeira. Há amizades falsas, pretensas, aparentes e superficiais. Tanto uma como a outra têm profunda influência na pessoa que dela participa. A amizade verdadeira produz alegria, endorfina, calor e vida. A pretensa amizade age lentamente, como um veneno, um tóxico que imobiliza, congela e mata toda esperança de ser feliz. Uma é divina e outra é diabólica. É necessário escolher o tipo de amigo que se deseja ser e ter.
 Na amizade verdadeira há um aprofundamento da relação, da intimidade, transparência, ou seja, você se mostra cada vez mais na sua real maneira de ser, sem esconder o que se pensa, sente, gosta, valoriza, prefere, aprecia. Há uma abertura tal que você não tem medo de ser descoberto, pego de surpresa, exposto pelo que é, defende ou acredita. Porém, quando a amizade não é verdadeira, há medo de ser diferente na maneira de pensar, sentir e agir perante os outros. Numa amizade verdadeira, você é aceito, respeitado, considerado, valorizado, apesar de suas falhas, erros, deficiências e limitações. Em uma relação assim não estão presentes a ameaça, o perigo da rejeição, da crítica, do julgamento moral de suas ações, de suas convicções ou de sua pessoa. Mas se fazem presentes a segurança, a certeza do apoio, da compreensão e da simpatia.

Tudo eu
Na verdadeira amizade, você experimenta e vivencia uma relação de interdependência mútua. Você se entrega numa dependência total e tem plena confiança no outro. Ao mesmo tempo, mantém o auto controlo da própria vida e a autonomia das escolhas e opções de conduzir os próprios negócios e resolver os próprios problemas. Não é uma relação de intromissão, de invasão, interferência, mas de divisão, partilha, afeto e apoio. Na interdependência da verdadeira amizade, os dois se apoiam mutuamente, crescem com mais vigor, mais força e mais determinação de encarar os problemas existenciais de cada dia.
 Com o amigo de verdade, você não fica esperando que ele faça o primeiro movimento para você interagir ou participar. Pelo contrário, você é o primeiro a correr o risco de confiar, de ter fé no outro, de ter certeza de que as intenções são as melhores. Você é o primeiro a dar apoio, amparo, a dar o que for preciso sem se violentar como pessoa, para que o bem do outro seja atingido. A relação é o movimento espontâneo e autêntico, até mesmo sem a preocupação da ordem de quem é o primeiro ou quem fez o quê. É esse fluxo contínuo e ininterrupto de doação e participação que caracteriza a verdadeira amizade. Não importa se você é ou não traído em sua confiança; não importa se é ou não rejeitado em sua doação. O que mais importa é você continuar dono do próprio comportamento. Parece até um paradoxo: confiar, ser traído na confiança, mas continuar confiando. A traição de uma pessoa não desmerece a confiança no ser humano. Por outro lado, continuar confiando numa pessoa que lhe traiu é falta de inteligência, muita desvalorização pessoal ou baixa auto-estima.

Cada um na sua
Quando você permite que o outro pense, escolha, fale, sinta e aja por você, em nome da amizade, pode ter certeza de que a relação não é de amizade, mas de abuso, desrespeito e desconsideração. Jamais assume a sua posição. Quem faz isso não é amigo e quem aceita isso está muito mal na avaliação que faz de si mesmo. A pessoa que precisa aceitar uma pseudo-amizade em nome da verdadeira não tem uma visão adequada do que significa ser ou ter um amigo. Uma pessoa assim, por sua carência, pode estar tentando fazer tudo para agradar, mas de fato não consegue e acaba ficando cada vez mais carente, mais só. Muitas vezes, redobra seus esforços para agradar e descobre com tristeza que não consegue. Alguns nem entendem por quê.
 Quando a amizade é apenas uma fonte de desgaste, cansaço, vazio, quando você se sente com uma carga nas costas, com raiva, irritado, quando está ou se afasta do amigo, sua amizade não está fazendo bem para você. Não é verdadeira. Se você só sente sacrifício, desgaste e sofrimento na relação, é hora de parar e reavaliar toda a dinâmica da amizade. Se, ao se separar do amigo, você está abatido no seu ânimo, desanimado nos valores, pesado na consciência, é porque a relação não está sendo mútua. Você está sendo prejudicado. Isso porque numa relação de amizade verdadeira, a sua individualidade não é comprometida, o seu estado emocional é fortalecido e enriquecido. Mas é preciso ter pelo menos consciência de você mesmo nos momentos de interação para ver se está mais seguro, apoiado, amado e valorizado.

Solidariedade
Quando penso em amizade verdadeira, lembro-me de um amigo que passou por uma experiência fantástica e difícil no ano passado, em que foi feito um enorme sacrifício de solidariedade e apoio a um amigo injustiçado. Os dois trabalhavam numa empresa. O António era o diretor e o João era seu assistente. O diretor, por meio período de trabalho, ganhava perto de dez mil dólares. Ele era eficiente, honesto e trabalhador. Por causa da sua honestidade e respeito à hierarquia, foi demitido pelo dono da empresa. O dono não sabia que o seu diretor era a alma do empreendimento. Os negócios balançaram. Para substituí-lo, foi convidado o assistente com um salário de quase quinze mil dólares. O António abriu mão do sacrifício, liberando o amigo João para aceitar a proposta. O João entrou em crise. Ele precisava do emprego, mas… e a amizade? E a injustiça cometida com António? Como ficaria a cabeça do João ao receber um salário que custara a cabeça de seu melhor amigo? Dias de dilemas, angústias e preocupações. Por fim, João chegou à decisão. Renunciou ao dinheiro e ao cargo, preferiu conservar a fidelidade da amizade. Nem sempre a verdadeira amizade cobra um preço tão caro assim. Porém, alguns cínicos acham que João tinha outros motivos ou não precisasse de dinheiro. Muito pelo contrário, enquanto ele procura emprego, as suas contas estão sendo pagas pelo trabalho da esposa e pelo que recebeu pedindo demissão da empresa. O único motivo que o levou a essa atitude foi a dedicação a uma verdadeira amizade, de que João não abriu mão. O que acho mais incrível nesse caso foi o apoio da esposa de João com a atitude que ele tomou.
 Não ficam sem sentido as palavras iniciais de que “o calor da verdadeira amizade… é um antegozo das alegrias dos Céus”. Quem pode contar com um amigo é rico, é feliz, é saudável.

Amizade versus Popularidade
Não se pode confundir amizade com popularidade. Muitas vezes, para se tornar popular, a pessoa precisa sacrificar seus princípios, seus ideais, suas convicções e até o seu próprio corpo. Precisa entregar-se para o uso e abuso de quem manipula a opinião pública. Precisa deixar de ser gente para ser uma imagem vazia, sem sentimentos, adorada à distância. A amizade não exige sacrifício, mas você pode se sacrificar, a amizade é calor humano num encontro face a face. Promove o sentimento, o bem-estar e a felicidade de uma pessoa viva. A amizade verdadeira enobrece sempre o crescimento. Muitos adolescentes em carência afetiva, anseiam pela popularidade, quando o que mais necessitam é de uma amizade verdadeira e fiel.
 Na inversão de valores em que vivemos, a busca pela popularidade é muito mais propaganda do que amizade. É muito comum, num grupo, alguém querer ser popular humilhando e ridicularizando um amigo – só para ter a atenção de todos. Não é de se estranhar que a sequência dessa dinâmica seja uma profunda sensação de estar só, algo experimentado por aqueles que não conhecem os benefícios de uma intimidade profunda numa relação de amizade. Ser popular é ser solitário, é ser de todos e não ser de ninguém. Ser amigo é ter companhia e ser de alguém.
 É muito fácil saber quem é um verdadeiro amigo. Basta observar e querer perceber, basta prestar atenção ao seguinte: o verdadeiro amigo vibra com o seu sucesso, enquanto o falso amigo “murcha”; o verdadeiro amigo empolga-se com a sua vitória, enquanto o falso se desanima; o amigo de verdade se alegra com os seus ganhos, enquanto o falso se entristece; o verdadeiro amigo se regozija com o seu progresso, mas o falso se abate; o verdadeiro amigo se identifica com o seu trunfo, o falso amigo se desvincula da sua felicidade. O verdadeiro amigo está sempre ao seu lado, e não se sente prejudicado, diminuído ou ameaçado pelo seu crescimento. Ele não sente ciúmes de suas vantagens, nem inveja suas qualidades, não faz uso de você nem do que é seu para benefícios e fins pessoais. O verdadeiro amigo não controla o outro para satisfazer os seus próprios desejos, para segurança pessoal. Ele não se prende a você como uma cola, nem o fixa como o peixe no anzol ou a âncora no barco.

Na verdadeira amizade, através de um respeito profundo pelo outro, conserva-se a individualidade, mantém-se a separação, preserva-se a entidade independente e autónoma, e sustenta-se a integridade do ser do outro.
 Uma reflexão importante deve ser: sou um amigo verdadeiro? Que espécie de amigo sou? Estou mais preocupado em ter ou ser um verdadeiro amigo?
 É na relação, sendo e tendo amigos, que como seres humanos nos desabrochamos para atingir ao máximo as potencialidades de que somos capazes.

Dr Belisário Marques
* Amigo e Amigo (Revista Mocidade, de 1994)

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Quem era Amom?

Nnome de um povo (1 Sm 11.11 – Sl83.7) – mais geralmente amonitas, filhos de Amom. Segundo se lê em Gn 19.38, eles descendiam de Ben-Ami, o filho de Loth. Os amonitas eram uma raça de terríveis salteadores, tão cruéis que chegavam a vazar os olhos aos seus inimigos (1 Sm 11.2), e rasgavam o ventre das mulheres grávidas (Am 1.13). O território amonita ficava ao oriente do Jordão e nordeste do mar Morto, estando o país de Moabe ao sul. A sua principal cidade era Rabá (2 Sm 11.1 – Ez 2L5 – Am 1.14). Eles nunca obtiveram um palmo de terreno do lado ocidental do rio Jordão, apesar das suas incursões. Os israelitas não podiam ver os amonitas, porque estes não os auxiliaram, quando do Egito se dirigiam para Canaã (Dt 23.4), e porque tomaram parte no caso de Balaão (Dt 23.4, e Ne 13.1). A animosidade entre os dois povos continuou em numerosas lutas, de que reza a sua história. Todavia, certa mulher amonita, Naamá, foi uma das mulheres de Salomão, e mãe de Roboão (1 Rs 14.21). O deus da tribo era Milcom (uma semelhança do ídolo Moloque), a abominação dos filhos de Amom (1 Rs 11.5).